quarta-feira, 17 de outubro de 2012

DISCRIMINAÇÃO


-Gordinha, rica, sexy e fora de moda!

Não há mais espaço nas revistas, nos filmes, nas vitrines, - em lojas de grife, nem pensar - para a mulher que ultrapassou, em idade e peso, a escala dos estilistas, a imaginação dos figurinistas, o escrúpulo dos diretores de revistas de eventos e da sociedade.

Ai de quem ousou engordar, mesmo pouco mais do que o padrão nacional definido por Marta Rocha!

Elas (e eles também) passaram dos limites da elegância prescrita pelos ditadores da moda - nada serve, tudo engorda e lá vem a pergunta fatal: dá pra alargar aqui?

 O problema não é bem o preço  avantajado da peça, é seu tamanho reduzido.

Os bons fabricantes de prêt-à-porter nem se dão conta de que riscaram de suas listas de clientes, a mais abastada e numerosa classe, a que não vive de mesada, a que mais reserva tem para gastar em roupa chique, a alegre terceira idade alinhada e bem estruturada.

 Esta é a roupa em falta  no mercado: a da gordinha sexy e chic, de meia-idade, vaidosa, bonita .

Homens e mulheres gordos pagam o pato da discriminação por suas medidas. São considerados deselegantes, feios, não colunáveis(sic), nem na “Caras” (de magras), nem na “Cláudia” (de modas).

 Nem no carnaval, (se não forem baianas e não tiverem mandado para o espaço as receitas do chef, aquelas dos homens e mulheres ricos e magros, que fazem pose de entendidos diante dos bifês verdes que te quero magros, criados por Chefes de Cozinha contratados para dar nome, cor, sabor e cifrões aos banquetes. Quanto mais francês o nome, mais caras e “menores” são as porções. Fome compulsória!

 

Não estou aqui para defender comilões insaciáveis, desregrados bebedores, devoradores de doces, campeões de fast food e de  rodízios de churrascarias.

Não mesmo.

Nem invejosos – querem ser assim, devem consultar sua ficha genética, as fotografias de suas avós (essas não falham), calculem o índice de massa corpórea, passem fome e caminhem até o fim do mundo!

Aqui, meu respeito aos que controlam bem seu apetite e sabem comer saudavelmente!

 

Mas o império da magreza está chegando ao extremo. E a minha geração não encontra mais roupa para escolher a cor, o tecido, o padrão das estampas.

Se você não puder usar uma calça apertadinha, uma camiseta curtíssima, umbigo à mostra ou um vestido de noite que tem só a parte de baixo (e olhe lá!), então nem saia!

Ou se conforme em vestir um "terninho" básico, um chamado "tubinho preto" com uma valiosíssima jóia de sua coleção, ou fique em casa!

 O molde da mulher atual está decretado nas revistas de moda (e em seus conteúdo, pelos desfiles de moda (plasticamente belo), nas modelos que mais parecem um risco , uma inspiração para a bulimia das adolescentes.

Ali, são magras as modelos, claro, os estilistas, as experts  em moda (de magras), as  entrevistadas, os entrevistadores: quase anoréxicos, devidamente coloridos por forte maquiagem, emagrecidos  à custa de lipodestruição, à beira de um desmaio.

Magreza é fashion!

 
E a mulher média, gordinha ou mais gordinha, mais baixa do que as escolhidas, de bons hábitos de vida (e cumpridora de quase todos), mas que corre o risco de não ter mais roupa alinhada e moderna para comprar, só porque alguns quilos assomam ao seu quadril ?

Ao busto, não faz mal, porque é moda! Quem não tem, coloca silicone e pronto!

 

Em nome da saúde sejamos mais magros, sim.

Em nome da moda, sejamos obrigatoriamente magros, esqueléticos, atletas de academia.

Porque a saúde está em dia, mas a moda, não!

É a ditadura da magreza.

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NB: Este texto foi comentado por várias modelos e “experts” no assunto. Mas nada mudou.

Ilustrações do Google- a)Vanessa Sidral
                                     b) cantakphoto.com.br

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