-Gordinha, rica, sexy e fora de moda!
Não há mais espaço nas revistas, nos filmes, nas vitrines, - em lojas de grife, nem pensar - para a mulher que ultrapassou, em idade e peso, a escala dos estilistas, a imaginação dos figurinistas, o escrúpulo dos diretores de revistas de eventos e da sociedade.
Ai de quem ousou engordar, mesmo pouco mais do que o padrão
nacional definido por Marta Rocha!
Elas (e eles também) passaram dos limites da elegância prescrita pelos
ditadores da moda - nada serve, tudo engorda e lá vem a pergunta
fatal: dá pra alargar aqui?
O problema não é bem o preço avantajado da peça, é
seu tamanho reduzido.
Os bons fabricantes de prêt-à-porter nem se dão conta de que
riscaram de suas listas de clientes, a mais abastada e numerosa classe, a que
não vive de mesada, a que mais reserva tem para gastar em roupa
chique, a alegre terceira idade alinhada e bem estruturada.
Esta é a roupa em
falta no mercado: a da gordinha sexy e chic, de meia-idade, vaidosa, bonita .
Homens e mulheres gordos pagam o pato da discriminação por suas
medidas. São considerados deselegantes, feios, não colunáveis(sic), nem na “Caras”
(de magras), nem na “Cláudia” (de modas).
Nem no carnaval, (se não
forem baianas e não tiverem mandado para o espaço as receitas do chef,
aquelas dos homens e mulheres ricos e magros, que fazem pose de entendidos
diante dos bifês verdes que te quero magros, criados por Chefes de Cozinha
contratados para dar nome, cor, sabor e cifrões aos banquetes. Quanto mais
francês o nome, mais caras e “menores” são
as porções. Fome compulsória!
Não estou aqui para defender comilões insaciáveis, desregrados
bebedores, devoradores de doces, campeões de fast food e de rodízios de churrascarias.
Não mesmo.
Nem invejosos – querem ser assim, devem consultar sua ficha
genética, as fotografias de suas avós (essas não falham), calculem
o índice de massa corpórea, passem fome e caminhem até o fim do
mundo!
Aqui, meu respeito aos que controlam bem seu apetite e sabem comer
saudavelmente!
Mas o império da magreza está chegando ao extremo. E a minha
geração não encontra mais roupa para escolher a cor, o tecido, o padrão das
estampas.
Se você não puder usar uma calça apertadinha, uma camiseta
curtíssima, umbigo à mostra ou um vestido de noite que tem só a parte de baixo
(e olhe lá!), então nem saia!
Ou se conforme em vestir um "terninho" básico, um
chamado "tubinho preto" com uma valiosíssima jóia de sua coleção, ou
fique em casa!
O molde da mulher atual está decretado nas revistas de moda (e em
seus conteúdo, pelos desfiles de moda (plasticamente belo), nas modelos que
mais parecem um risco , uma inspiração para a bulimia das adolescentes.
Ali, são magras as modelos, claro, os estilistas, as experts em moda (de magras), as entrevistadas, os entrevistadores: quase
anoréxicos, devidamente coloridos por forte maquiagem, emagrecidos à custa de lipodestruição, à beira de
um desmaio.
Magreza é fashion!
Ao busto, não faz mal, porque é moda! Quem não tem, coloca silicone
e pronto!
Em nome da saúde sejamos mais magros, sim.
Em nome da moda, sejamos obrigatoriamente magros, esqueléticos,
atletas de academia.
Porque a saúde está em dia, mas a moda, não!
É a ditadura da magreza.
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NB: Este texto foi comentado por várias modelos e “experts” no assunto. Mas nada mudou.
Ilustrações do Google- a)Vanessa Sidral
b) cantakphoto.com.br
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