
Agora, já casada, era só Maria, Mariazinha.
Viera do Postinho de Saúde do Iririu para sua última consulta antes do bebê
nascer e, segundo o médico, estava tudo pronto e a criança poderia “chorar” a
qualquer hora.
Dali seguiu ainda até o centro para comprar algumas lembranças de
Natal. Mas voltou logo ao Terminal da Praça da Bandeira e sentou no primeiro banco livre que encontrou
no ônibus, já bem no fundo.
Maria era uma jovem grávida, parecendo mesmo em seu último mês de
espera: cabelo claro e levemente ondulado, amarrado no alto da cabeça em um
coque despretensioso, de onde alguns fios se desprendiam ao embalo de uma
milagrosa aragem que entrava pela janela do ônibus, agora em movimento.
A viagem até o Aventureiro começou e ela recostou-se no morno
banco, fechou os olhos e deu Graças a Deus! Logo estaria em casa.
Tinha boas notícias para dar ao marido, José, jovem trabalhador de
uma pequena fábrica de móveis que ficava no bairro: o bebê estava prestes a
nascer, a saúde da mãe estava bem.
Era só aguardar sua chegada.
Em casa, descalçou a sandália suada já na entrada, tomou um copo
de água bem fresca, tão grande era sua secura, e atirou-se na cama limpa e fresca.

Relaxada, adormeceu...
Sonhou que já era Natal.
E, pesada, terminava os pequenos reparos na árvore que arranjara num grande vaso onde
estava plantada s sua árvore da felicidade, agora viçosa.
Terminou de enfeitar o bolo de chocolate com balas de goma
coloridas, quando ouviu alguém bater à porta e acordou.
Queria levantar mas estava indisposta, uma dorzinha estranha lhe
pesava nas costas, na altura das cadeiras, como dizia sua mãe.
Conhecia a voz, era Izabel, a prima enfermeira que terminara, há pouco,
seu plantão na Maternidade Darcy Vargas.
-Entre, disse Maria, preciso de ajuda!
Logo ficou claro para Izabel, que o bebê ia nascer. Maria estava
encharcada, a bolsa estourara e este sinal era a evidência do parto!
-Meu Deus, Maria, chegou a hora, chama o José, o teu marido.
Bendito celular!
José logo chegou, com Marta, sua cunhada.
Menino ou menina, ninguém sabia, preferiram a surpresa.
À espera do nascimento, Maria preparou as roupas brancas.
Uma contração maior agora: Maria sua em bica, José seca-lhe rosto
tenso, corado.
A dor era mais forte.
- Força, Maria! Força que o bebê já “coroou”, gritou Izabel!
E então ele nasceu!
E José gritou chorando, abraçando Maria:
- É Jesus! Seu nome é Jesus de Joinville, um Príncipe!
- Um Rei em nossa casa, viva o Rei!
Hosana!
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