Mila Ramos
Já não se
faz mais Quaresma como antigamente.
Não é porque
já passei do tempo em que a opinião dada era discutida, mas é que a diferença de modus vivendi é outro mesmo.
Primeiro,
sinto que as pessoas não estão nem aí para o calendário religioso de ninguém,
muito menos aquele em que minha Igreja preceitua uma conduta mais silenciosa,
mais contrita, mais respeitosa com as coisas de Deus, nem acreditam Nele,
parece-me.
Que bom para
ladrões, assassinos, incendiários, para gente que nem sente a tristeza de
ninguém nem sua dor, gente que suja a sua cidade sem pena ou dó, gente que não
divide nada com ninguém, malandros, vadios, aproveitadores e sei lá mais quanto
existe no mundo que se acha dono de tudo e que nada deve a ninguém... Sem Deus é mais ou menos isso.
Não que os
bons cidadãos sejam obrigatoriamente religiosos, crentes.
Não, mesmo.
Mas pelo menos não estão contrariando as leis do respeito pelo ser humano e
pela fé que tenham dentro de si, nem pela vida de outrem. Podem não crer mas
são gente de Deus.
Por tudo isso,
estou meditando hoje sobre a Quaresma, tempo santo de Deus, com seus dogmas e
suas leis.
E a Quaresma
tem lei, leis divinas, e nas gerações
passadas – e, felizmente, em muitas famílias ainda - as leis da Quaresma são
respeitadas, são cumpridas.
Lembro bem
que, na terça-feira de carnaval - a chamada terça-feira gorda- saiamos à
meia-noite do baile de Carnaval porque, exatamente aí começava a Quaresma.
E não comíamos
carne vermelha. Só peixe. E nem em nenhuma das sextas-feiras da Quaresma.
Na
sexta-feira santa era um jejum formal, nem peixe nem nada que tivesse de exigir
o trabalho exaustivo de alguém. Nem cavávamos a terra. Minha
avó torrava o pão da véspera, cozinhava ovo, abóbora, banana, fazia farofa e
era tudo. Salvo minha bisavó, que era velhinha, estava dispensada do jejum e da
abstinência. A “marmanjada”, não!
No domingo
de Páscoa a festa era absoluta, todos festejavam a ressurreição de Cristo e,
quando muito, o dia de um coelho fantástico que punha ovos com amendoim açucarado,
esse mesmo, que hoje põe ovos de chocolate ... É o mesmo coelho de antigamente,
só mais sofisticado, e muito, muito mais caro.
Quaresma é
isso aí: Como tudo mudou para o ser humano, ela mudou também.
Mas Deus é o
mesmo.
Quem não acredita
é responsável por si, claro. Mas Ele está de olho, zelando por todos. É minha
fé.
Somos o pó
da terra.
Ou alguém duvida
disso ainda?
--------------------------------------------Mila Ramos.2013milaramos.joi@terra.com.br
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