sexta-feira, 19 de julho de 2013

CALMARIA

Mila Ramos, em Pé de Vento, 1985.

 

Toda vez

 que acomodo
minha vida,
 

 que despejo os inquilinos do desejo,

que os trastes velhos vão sumindo

e vão ruindo os restos de emoção,

 a calmaria faz cessar

 os ventos e as ondas do meu mar.

 Toda vez

 que a quietude faz que mude

 sinfonia interior em canção mansa,

 vendaval corrigido pra bonança,

 e o pranto que me rói vira brinquedo,

 é calmaria, eu tenho medo.

 

Redemoinho vem chegando, eu sei,

 pra alucinar meu dia a dia!

Uma presença nova se anuncia

 e faz meu mundo estremecer

 em mais um concerto de agonia.

 

Não sei amar de leve, sossegado,

 Só sei amar de amar, apaixonado...

 

 E outra vez é vendaval, é sinfonia,

meu coração,

um quarto de despejo,

 desarrumado, um cortiço, alvoroçado,

 e amo muito mais, como agora,

que te vejo.
 
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 ( foto colhida no Google)

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