segunda-feira, 19 de agosto de 2013

UMA FOTO DO GIRASSOL BOÊMIO

 
A noite vadiava.
Na esquina
da rua das andanças,
eu acho que dormi.
          - Se não assim,
           como explicar
           a singular passagem
daquela carruagem, feito abóbora?
 
Ela chegou,
cocheiro de libré,
longo chicote de luz,
açoitando os tabus das noites das calçadas.
 
           -Parou.
E a cinderela
- ou era um travesti?-
recatada,
cabisbaixa,
- uma donzela -
subiu na carruagem
sem perder o sapato.
                              
                               Então, a noite,
                               em seu último ato,
                               fechou as cortinas do infinito...
************
Mila Ramos
Poema de A DRANDE NOITE DOS GIRASSÓIS, 1987
 
Imagens colhidas no Google
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário