Puxa-sacos de ladrões!
Intimidar o Judiciário é delinquência; a doença do
petista é real; a construção do mártir é uma
farsa
No Brasil, não há
presos políticos, mas políticos presos. A diferença entre uma
coisa e outra é a que existe entre a ditadura cubana, que o
governo petista financia, e a democracia, que o petismo difama. Se, no entanto,
houvesse, a carcereira seria Dilma Rousseff. Ela pode fazer o STF sair com a
toga entre as pernas. Basta evocar o inciso 12 do artigo 84 da Constituição:
"Compete privativamente ao presidente da República (...) conceder indulto e
comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei".
Também vale para "presidentas".
Paulo Vannuchi, um devoto da democracia à moda Carlos Marighella,
comparou a condenação de José Dirceu à extradição de Olga Benário. É? Foi o STF
que autorizou o envio para a Alemanha nazista de uma judia comunista. O
fascistoide Getúlio Vargas, hoje herói das esquerdas, poderia ter impedido o ato
obsceno. Deu de ombros. Que Dilma não cometa o mesmo erro e liberte a súcia de
heróis. Ironia não tem nota de rodapé --ou vira alfafa.
Está em curso um processo inédito de satanização do Judiciário. A
sanha difamatória, na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, não
poupa nem a cor da pele de Joaquim Barbosa. Racistas virtuosos acham que ele se
comporta como um "negro de alma branca". Lula lhe teria feito um favor, e ele
não beija a mão de nhonhô...
Protestar contra os
três dias de regime fechado para José Genoino é do jogo. Intimidar o Judiciário
é delinquência política. A doença do petista é real; a construção do mártir é
uma farsa. No dia da prisão, ele recusou exame médico preventivo no IML. Era
parte da pantomima do falso herói trágico. Barbosa não cometeu uma só
ilegalidade. A gritaria é fruto da máquina de propaganda do PT, que se aproveita
da ignorância específica de jornalistas. Não são obrigados a saber tudo; o
problema, em certos casos, é a imodéstia...
Um dos bons
fundamentos do cristianismo é amar o pecador, não o pecado. Fiel à tradição das
esquerdas, o PT ama é o pecado mesmo. O pecador é só o executor da tarefa em
nome da causa. Leiam a peça "As Mãos Sujas", de Sartre, escrita antes de o autor
se tornar um comunista babão. É esquemática, mas vai ao cerne do surrealismo
socialista.
Alguns de nossos
cronistas precisam ler. Outros precisam ler Padre Vieira. No "Sermão do Bom
Ladrão", ele cita a descompostura que Alexandre Magno passou num pirata. O homem
responde ao Lula da Macedônia: "Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma
barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?" Vieira
emenda: "Assim é. (...) o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com
muito, os Alexandres."
Na quarta, reportagem
de Flávia Foreque, no site da Folha, foi ao ponto. Um grupo de deputados
do PT visitou os varões de Plutarco na Papuda. Parentes de presos sem pedigree
ideológico começaram a xingar os petistas: "Puxa-saco de ladrões!". A deputada
Marina Sant'Anna (PT-GO) quis dialogar. Sem sucesso. A mulher de um dos piratas
resumiu: "Qual é a diferença [entre presos do mensalão e os demais]? Só porque
tem nível superior, porque roubou do povo?" Vieira via diferença, sim. Os
bacanas são mais covardes.
Indulto já,
presidente! Até porque, entrando no 12º ano de governo e com mensaleiros em
cana, o PT descobriu a precariedade das prisões. Este ano vai terminar com uma
queda de 34,2% no valor destinado ao Plano Nacional de Apoio ao Sistema
Prisional: R$ 238 milhões, contra R$ 361,9 milhões em 2012. Nas cadeias, só
havia piratas "pobres de tão pretos e pretos de tão pobres". Agora há os
Alexandres vermelhos, mas não de vergonha.
twitter.com/reinaldoazevedo
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