terça-feira, 21 de janeiro de 2014

DO QUE TEMOS SAUDADE?

Jura Arruda é um jovem escritor.
Não o conheço pessoalmente, mas seu caminho percorre rotas de escritores nossos, dos bons.
Gosto do que ele escreve no Jornal Notícias do Dia, nos seus livros, onde quer que fale, sei que se faz ouvir.
Um jovem escritor que lê muito. 
Movimenta-se na Confraria do Escritor, grupo que reúne o que de melhor temos na literatura local, talvez um dos bons de S. Catarina.
Com prazer, divido meu blog com ele.
Mila Ramos

                                                                           
Jura Arruda

Saudade não ajuda em nada. Que adiantou acreditar em escolhas, se as escolhas não nos levaram a um lugar melhor? Aceitar erros, silenciar, lamentar partidas, nascer de novo, não ser o mesmo, não ter apego, nem ter noção, e então, o que nos sobrou se já lutamos por tanta coisa e já negligenciamos tanta luta? Chegamos ao Século XXI e ele já parece um pouco com a Idade Média. Há tanta gente lutando por espaço, alguns por espaço demais e por isso, vemos discussões sobre mil coisas e mil opiniões sem um mínimo de discernimento. A diferença entre o Século XXI e a Idade Média é o facebook.
As redes sociais não são só passatempo, são reflexo da sociedade. Uma sociedade que pode ser dividida por faixa etária, classe social, profissão, gosto musical, etnias e tamanho do bíceps. Basta uma pesquisa e o perfil do usuário está ali. Basta uma olhada em sua linha do tempo e você sabe como ele pensa e do que gosta. E gosta-se de tanta coisa! Dá até medo. Onde mais você encontra tamanha pluralidade de opiniões? Onde os pensamentos dos mais radicais aos mais moderados são expostos em um mesmo espaço? Ah, o espaço! Há tanta gente lutando por espaço, alguns por espaço demais. As redes sociais são generosas com todos e, por isso, há espaço demais.
Saudosistas usam a tecnologia para dizer o quanto eram boas as décadas que se foram; entusiastas fazem tudo conectados ao facebook ou a um aplicativo conectado ao facebook; tolos consideram amigos todos os amigos por definição das redes sociais e acreditam estar vivendo em sociedade; idealistas postam ideais e acreditam na mudança que suas vírgulas podem causar; emocionados saúdam familiares distantes e exclamam com imagens de bichos, crianças e paisagens da Indochina; religiosos postam suas crenças; hereges pecam; bossais julgam; idiotas condenam.
No facebook, nós seres humanos da Idade Média, continuamos frequentando arenas, continuamos nos dividindo em grupos e bandos, insistimos na violência gratuita e bebemos do elixir falsificado da juventude. Continuamos cegos diante do espelho. Falamos sobre todas as culpas e misérias, mas continuamos sentados assistindo a tudo, julgando e acreditando que a verdade está nas letras de forma.

Tenho dito e, quase é prova científica, de que o ser humano evoluiu quase nada em comparação à evolução tecnológica. Ora! O que faz um primata com uma arma super desenvolvida? É o que estamos fazendo na internet. Atiramos para todos os lados, pelo prazer de usar a mais avançada tecnologia. Nós seres humanos da Idade Média, continuamos vivendo nossas vidas de antes, com os mesmos problemas existenciais, porém, temos armas mais poderosas. Se ainda estamos no passado, do que temos saudades? Do arco e da flecha?
(imagens colhidas no Google)

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