Mila Ramos
Nunca gostei de sexta-feira, prenúncio de não fazer nada, de saudade do tempo em que este era o dia de ir ao salão fazer cabelo, mão e pé, bater papo com gente desconhecida ( o que é ótimo), saber de coisas que ninguém vem contar na casa da gente, ver uma roupa diferente da que se tem no armário, encontrar uma amiga que a gente quase não vê... Coisas assim!
Essa era a minha sexta-feira antiga.
Hoje é o dia em que a empregada, minha querida Janete, faz um almoço gostoso como sempre, só mais farto para que sobre para o sábado. Eu peço isso. Assim, não precisarei sair para almoçar, encontrar os restaurantes cheios como nos domingos, comer demais, chegar em casa e tomar chá preto.
Era uma vez uma Zilda, que cozinhava de segunda a domingo e que só saía um pouco, à tarde, para ir dançar no Ginástico ou no seu clube favorito do Iririu. E tinha uma boa poupança por isso. Hoje ela diz que não valeu tanto assim...
Sábado, dia em que meus filhos fazem tudo o que não têm tempo de fazer durante a semana porque trabalham muito. Eu também fazia assim. Aproveitava para fazer um bom supermercado que, apesar de cheio, mas não me faltava tempo para escolher os produtos, especialmente verduras e frutas.
Sábado é meu dia favorito de TV. Gosto da programação da Globo News, entrevistas, reprises de programas que não pude ver durante a semana , e mais, meu programa preferido, Painel, com William Waak, sempre imperdível.
Nos domingos, o almoço é variado e o restaurante, também.
Nesse dia enfrento um restaurante com a Raquel e o Ricardo ou com a Rute. Mais raramente, com o Roberto e a Iara, porque o paraíso deles é o Perequê. Ás vezes , almoçamos juntos durante a semana e o comum é ele almoçar peixe comigo.
E a semana acaba. O dia mais chato mesmo é a sexta-feira. Para mim, sempre foi.
Mas é dia de cheiro de pão assando no forno, barulho de vassoura nas calçadas, o nosso vendedor de verduras que chega ao meio dia, sempre, quando estamos almoçando. A Janete faz tudo para me agradar, como trazer a “bundinha” do pão quente com manteiga e um cafezinho da hora, e é dia de ganhar um docinho da dona Maria, minha vizinha que faz doce de todas as frutas que ganha e de abóbora e mamão. Delícias.
Sexta-feira é dia de correria. De todo mundo. Menos do meu.Vai haver mais silêncio nas ruas, menos barulho de carro, menos buzinas, mas eu não gosto.
Esse é um dos sinais da solidão de uma velhice sem marido.
Ah! Seu Gercy...
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