quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

NATAL MEU, TEU, NOSSO!



Esta página de Vinícius de Morais é uma oração. Todos os que a leem ficam donos dela e poderiam assiná-la  porque em qualquer época da vida, poderiam tê-la escrito, a seu jeito, claro.

Hoje , relendo a página que adoro, e  até penso que é minha, não fosse o talento de Vinícius que me falta, mas seu conteúdo é também meu, de quem me enviou e de quem a lê. Talento é muito parecido com alma que nós todos temos. Por isso é tão fácil ler Vinícius...
Faço dessa página  o meu carinhoso abraço de Natal à amiga que a depôs em meu coração e a todos os que se sentem meus amigos e que me querem bem.
Mila Ramos 

AMIGOS
"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto   e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é o um  sentimento mais nobre do que o amor tem   e que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme que não permite a rivalidade.
Eu poderia  suportar, embora não sem dor,  que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se  morressem todos os meus amigos. Até mesmo aqueles  que não percebem o quanto a minha vida depende de suas existências.
A alguns deles  não procuro, basta saber que eles existem . Esta minha condição me encoraja a seguir em  frente pela vida. Mas porque não os procuro com assiduidade , não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem  que estão incluídos  na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso  que eu saiba e sinta que os adoro embora não os declare e não os procure. Às vezes , quando os procuro, noto que  eles, não  tem noção de  como me são necessários,  de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque  eles fazem parte do mundo  que eu tremulamente construí  se  formaram alicerces do meu, enquanto vida.
Se um deles morrer eu ficarei torto para um lado. Se todos morrerem eu desabo..Por isso é que queria  que eles saibam que rezo pela vida deles.
E me envergonho porque essa minha prece é, em  síntese, , dirigida ao meu  bem estar. Ela é, talvez, uma ode ao meu egoísmo. Por vezes  mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo  e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me  alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele  prazer.
Se alguma coisa me consome  e  me envelhece é que a roda penosa da vida não me permite sempre ter sempre ao meu lado, morando comigo, vivendo comigo todos os meus amigos e, principalmente, os que só desconfiam ou  talvez nunca vão saber que são meus amigos.
A gente não faz amigos reconhecendo-os."
Vinícius de Moraes.



Nenhum comentário:

Postar um comentário