Houve um tempo em que idoso era respeitado. Não sei se era em
decorrência das barbas longas que davam legitimidade à idade dos homens,
enquanto que o cabelo branco dava uma certa solenidade às mulheres.
Mas isso faz tempo, até
porque tanto homens quanto mulheres levam, agora, muito mais tempo para serem
chamados de idosos ou velhos.
Eu, do alto dos meus 80 anos- apesar dos cabelos brancos, também
não me chamo de velha nem quando o dinheiro não chega para o mês todo. Faço
minhas compras no Supermercado, dirijo meu carro, vou ao Médico sozinha.Aí o
cartão estica e segura as pontas até o novo holerite chegar.
Velho de hoje é diferente: leem muito, jogam cartas com amigas
de sempre, vão ao lanche da turma nas quartas-feiras, cuidam dos cabelos, da
pele e algumas até fazem dieta e exercícios para manter a saúde e a beleza.
Os casais que envelhecem juntos se dão muito bem, viajam juntos,
vão dançar, ficam mais dependentes um do outro e, quando se deparam com a
tragédia da morte de um deles, o sobrevivente têm um baque forte, um
desequilíbrio na vida: mudam de hábitos e se isolam um pouco, o que não
faz bem a ninguém.
Idoso é sempre um caso complexo.
Sério mesmo é no que diz respeito à sua cidadania. Aí é
feio!
Começam dispensando-os do voto.
Mão deixem de votar meus amigos e amigas idosas, pelo amor de
Deus!
Não pensem que essa dispensa do direito de votar é por achar que
é melhor você ficar em casa e descansar, que é um direito. Direito nada! É
um relegar da nossa cidadania!
- É um “deixa para lá, são tão poucos”...
Que poucos nada! Somos capazes de inverter resultados, basta que
nos organizemos.
Continue votando, meu amigo idoso, enquanto puder. E quando não
puder mais ir sozinho, peça ao filho que o leve, mas não abra mão deste
direito, não aceite os “favores” do Estado que não respeita mais seus direitos
como cidadão nem suas necessidades básicas, fundamentais.
E esta liberdade que temos de ir ou não às urnas é uma das
causas pelas quais o Governo - seja Federal, Estadual ou Municipal - despreza
nossa classe, nas reivindicações dos nosso direitos. Não somos somados na hora
da contagem de votos, única coisa que faz com que um político valorize um ser
humano.
“- Eles nem votam mais, pensam eles.”
Como não votam? Vamos votar todos, sim senhores candidatos,
vamos pesar na balança, vamos ter representação política, sim!
Candidato só enxerga o mapa de cada urna eleitoral, e se não
somarmos lá, perdemos a cidadania, o peso social. Nunca fiz greve me ela nunca
me fez falta!
Como imaginar alunos
chegando no portão da escola e o encontrando fechado?
Vamos votar, meus queridos irmãos idosos, votar em peso,
vamos conhecer nossos candidatos muito bem, escrever a
eles dizendo o que pensamos e o que precisamos. Vamos fiscalizar o
trabalho dessa gente que sorri para nós só até às 18 horas, quando as
urnas fecham. Daí em diante, ninguém conhece mais ninguém.
Não devolvam ao Governo o Direito do Voto. É nossa voz!
Use-o a seu favor.
(Mila Ramos)