Luiz Inácio Lula da Silva agora
faz saber aos seus que está mexendo os pauzinhos para evitar que os
mensaleiros condenados sejam presos. Fiquei
cá a pensar com quais instrumentos opera esse mago, e não consegui
ver nenhum que não seja uma
interferência indevida, ilegal e subterrânea no Supremo. Como não dispõe
instrumentos institucionais para
fazer essa pressão, de quais outros disporia? Quando tentou intimidar Gilmar
Mendes, com uma chantagem sem lastro, deu-se
mal. Teria ele condições de se dar bem com outros? Com quais
armas?
Lula não se conforma com o fato
de o Brasil ser uma República. Considera-se o quarto Poder — acima dos outros
Três, claro!
— e vai, assim, metendo os pés pelas
mãos.
Fiquei sabendo de algo espantoso.
O Apedeuta está bravo até com… Frei Betto! Sim, está em litígio afetivo
com esse notável pensador, que, à
guisa de imaginar o cruzamento entre o catolicismo e o comunismo, também
delirou com uma transa (falo sério!)
entre Santa Tereza D’Ávila e Che Guevara, o “Porco Fedorento”. E por que a
zanga com Frei Betto? Porque foi o
primeiro que lhe falou de um certo Joaquim Barbosa para o
Supremo.
Lula não estava em busca de um
ministro propriamente, mas de um elemento de propaganda. O fato de Barbosa
ser negro se lhe afigurou mais
importante do que o de ter credenciais, como tem, para assumir o posto. O
Apedeuta esperava “fidelidade” daqueles
que foram por ele indicados para o STF. E esperava ainda mais de Barbosa. No
íntimo, deve achar que fez uma grande
concessão.
Ou por outra: o Babalorixá de
Banânia não indicou um negro por “zelo de justiça”, como escreveu Padre Vieira,
mas por concupiscência politicamente
correta. O próprio ministro percebeu isso e afirmou, certa feita, numa
entrevista, que esperavam na corte um “negro
submisso”. Indaguei, então, a quem estava se referindo; incitei-o a dar o nome
esse sujeito indeterminado.
Agora já sei.
A própria figura de Barbosa, já
apontei aqui, passou por uma drástica mudança naquele submundo da Internet
alimentado com dinheiro público. De herói,
passou a vilão; de primeiro negro a chegar ao Supremo como evidência da
superioridade
moral do PT, passou a ser o
“negão ingrato”, que cospe na mão de que lhe garantiu tão alta distinção. Sob o
pretexto de combater o racismo,
esperava-se um… negro submisso!!! Barbosa, convenha-se, está dando uma
resposta e tanto à má
consciência.
Já discordei muitas vezes do
ministro — e o arquivo está aí para prová-lo. Mas nunca ataquei a sua altivez.
Altivez que deve ter não porque
negro (essa qualidade não tem cor), mas porque ministro do Supremo. Lula também
está bravo com outros. Não
julgava estar indicando ministros, mas vassalos; não escolhia nomes para a mais
alta corte do país, mas procuradores de
um projeto de poder. Por isso anda por aí dando murro na mesa, inconformado com
a “ingratidão”.
Em meio a tantos males, o
mensalão fez ao menos um grande bem ao país: despertou-nos para a existência
de uma corte suprema. Os deputados
são 513. Os senadores são 81. Ministros de estado, especialmente na era petista,
os há a perder de vista. Mas só 11
homens e mulheres na República podem sentar naquelas
cadeiras.
Agora, a sociedade já os
descobriu. E espera que façam justiça. Um deles, dia desses, foi vaiado por um
grupo num aeroporto. Não era uma horda
de militantes fardados, de camisas-negras ou de camisas-vermelhas.
Eram brasileiros que trabalham,
que estudam, que repassam ao Estado, também à Justiça, boa parte dos seus
rendimentos.
E que cobram dos ministros decoro,
decência e coerência.
Lula está bravo com Joaquim e com
outros “ingratos”? Vale por uma medalha de honra ao mérito.
Por Reinaldo
Azevedo