sábado, 6 de outubro de 2012

SOCIEDADE HARMONIA LYRA


Passo pela Rua XV de Novembro, em seu trecho mais central, a esquina da Rua Dr. João Colim e paro na calçada da CELESC.

Sou mesmo uma daquelas pessoas idosas que andam pela cidade em busca de suas saudades, catando lembranças, revendo cenas de antigas alegrias e que param nas ruas, mãos entrelaçadas nas costas, pensamento distante e que nem cumprimentam ninguém. E se sou acordada de meu estado de dormência saudosista, respondo: Han? Eu estava só lembrando como era antes... E rio.

Neste dia, eu estava olhando para a Lyra, nossa Sociedade Harmonia Lyra.

A bela, a aristocrata, a chamada “alemã” pelos mais radicais do pós guerra, a mais “chic” pelos que não a frequentavam, enfim a sociedade dos mais ricos, como diziam os mais pobres.

Pouca gente entra ou sai. Nenhum movimento ou vibração que denuncie seu passado de nobreza ou glória: bailes a rigor, teatro, grandes concertos, escola de dança (Ah! Dona Elise Lot), grandes bodas, boate movimentada todos os finais de semana, shows espetaculares, a Lyra estava viva!

Meu pensamento reanimado, entra Lyra adentro, passa pela entrada bonita onde, nos espelhos lindíssimos, a gente dava a última olhada no visual, cumprimentava a todos só de aceno, subia as escadas saltitando (Ah! Meus bons joelhos!) e aí, o Salão Principal se escancarava, florido e iluminado para nos saudar.

Risos e abraços, um oi para todos os lados, a orquestra tocava um bolero ou um fox e lá íamos nós, antes do primeiro gole do melhor vinho, do melhor champanhe, do wiskey mais nobre. Saudadona!

Saudadona mesmo é do paralelo 38. Se você não sabe o que é isso é porque não freqüentou a Lira e sua boate jovem nos anos 50; era a referência a uma zona da guerra que terminara . Era a alegria da moçada nas tardes de domingo, o ponto mais escurinho da sala, o mais romântico... Lembro de Antônio Carlos Moreira, irmão da Terezinha Moreira, depois Rosa, Wigando Zimath, um grande pé de valsa, Aimoré Palhares e tantos outros garotões da época, afirmando uma intensa paixão aos ouvidos das meninas de então, paixão que logo acabava.

Assim era a Sociedade Harmonia Lyra: linda (ainda o é), alegre, viva, jovem, adulta e madura .
Vibrante!

Hoje está mais caladona, ”sentadinha” em seu belo sofá de estilo requintado, à espera dos associados que quase não aparecem por lá.

Por que será?

A vida tem a resposta!


O prédio, que andava meio tristonho, sempre fechado, parece que recebeu um ar de sua graça!

Pintura nova: sua magnitude evidenciou-se, suas paredes parecem mais altas, acho até que ela desabrochou, cresceu, as faces lindas que adornam os cantos externos de sua fachada ( você já parou para observar este detalhe? ) agora ficam mais em evidência.

Continuo não entendendo nada de estilo arquitetônico, mas tenho meu conceito de beleza: a Lyra está lindíssima, cuidada, mais clara, sempre imponente

Entrei com a Raquel para fotografar sua entrada. Um encanto.

Parabéns à nova diretoria.


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