quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A IDADE DA RAZÃO, de SARTRE



Só roubei o título de Sartre, filósofo francês – livro de 1945. A culpa foi dele...

Eu precisava partir de algo sobre as incertezas e as angústias do viver - que ele plantou tão bem na mente de quem o leu na imaturidade.

Armas do Vaticano
Para mim, sua doutrina foi pura empolgação dos tempos de “minhas razões juvenis”. E essas razões, hoje, na madureza (ou velhice), têm um significado de culpa.
                                                                                                                                           
 

E me pergunto: Era a minha fé de então, frágil, rasa, inculta, diferente da de hoje, lida e vivida, experimentada e serena que fez-me afastar do convívio com a Igreja?
Eram as dificuldades de cumprir  determinações da doutrina – referentes especialmente a necessidade de manter nosso programa familiar com relação a ampliação ou não da família, o que dizíamos então, de “como evitar mais filhos”?

Essa prática entre os casais, sempre foi difícil.

 

A Igreja Católica, à época, distribuía entre as famílias, um folder que continha o “método” de orientação para o controle de natalidade das famílias católicas.

Condenava-se o uso da “camisinha”, (que se chamava cerimoniosamente Camisa de Vênus, lembram?)

Era pecado, e ainda é, qualquer outro jeitinho que se quisesse dar para não engravidar que não fosse a abstenção sexual no período fértil da mulher...

 

Ah! Quantos foram tentados! Você, mulher da minha época sabe bem das “técnicas” que o casal teria de pôr em prática

para evitar que um bebê chegasse enquanto o outro ainda estava engatinhando.                                                               

Até porque a “pílula” só chegou quando eu já tinha meus filhos, todos programados por nós, mesmo antes de casarmos. Sabíamos que seríam três, talvez quatro, os filhos que teríamos condições de criar com relativo conforto e com possibilidades de mantê-los na escola.

Nossos avós, os paternos e maternos, tiveram todos mais de dez filhos. Nem todos estudaram mais que algumas séries da escola básica e isso nós nem pensávamos em imitar.

Era preciso evitar gravidez de qualquer jeito, nem que não pudéssemos mais estar em paz com os sacramentos, especialmente, confissão e comunhão.

Aos poucos, a fé passou a não ser humana e a gente se afastou da Igreja.

Éramos católicos de nome.

Não íamos à Missa com as crianças e eles se acostumaram com isso: fizeram a Primeira Comunhão e só.

Cresceram e a minha Igreja não fez parte da fé que escolheram, direito que lhes é reservado, como a todos.

 

Hoje eu sei que custou muito caro o meu afastamento da religião de batismo.

Foi difícil retomar a fé, o que tenho feito a duras penas, cheia de dúvidas, com longos papos com Padres amigos, enchendo-os de perguntas sobre minha contrição, já que não sei se encheria a casa de muitos filhos como meus avós, sabendo como eu sabia então, que educá-los e criá-los bem, seria impossível.

 

Nem sei como fazem hoje as famílias que têm poucos filhos e são leais às suas obrigações com a fé.

Eu não consegui.

 

 
                                                                      Fotos colhidas no Google
          Texto de Mila Ramos


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