
Só
roubei o título de Sartre, filósofo francês – livro de 1945. A culpa foi dele...
Eu
precisava partir de algo sobre as incertezas e as angústias do viver - que ele
plantou tão bem na mente de quem o leu na imaturidade.
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Armas do Vaticano |
Para
mim, sua doutrina foi pura empolgação dos tempos de “minhas razões juvenis”. E
essas razões, hoje, na madureza (ou velhice), têm um significado de culpa.
E
me pergunto: Era a minha fé de então, frágil, rasa, inculta, diferente da de
hoje, lida e vivida, experimentada e serena que fez-me afastar do convívio
com a Igreja?
Eram as dificuldades de cumprir determinações da doutrina – referentes
especialmente a necessidade de manter nosso programa familiar com relação a
ampliação ou não da família, o que dizíamos então, de “como evitar mais
filhos”?
Essa
prática entre os casais, sempre foi difícil.
A Igreja Católica, à época, distribuía
entre as famílias, um folder que continha o “método” de orientação para o
controle de natalidade das famílias católicas.
Condenava-se o uso da “camisinha”, (que se
chamava cerimoniosamente Camisa de Vênus, lembram?)
Era pecado, e ainda é, qualquer outro
jeitinho que se quisesse dar para não engravidar que não fosse a abstenção
sexual no período fértil da mulher...
Ah! Quantos foram tentados! Você, mulher da
minha época sabe bem das “técnicas” que o casal teria de pôr em prática
para evitar que um bebê chegasse enquanto o
outro ainda estava engatinhando.
Até porque a “pílula” só chegou quando eu
já tinha meus filhos, todos programados por nós, mesmo antes de casarmos.
Sabíamos que seríam três, talvez quatro, os filhos que teríamos condições de
criar com relativo conforto e com possibilidades de mantê-los na escola.
Nossos avós, os paternos e maternos, tiveram
todos mais de dez filhos. Nem todos estudaram mais que algumas séries da escola
básica e isso nós nem pensávamos em imitar.
Era preciso evitar gravidez de qualquer
jeito, nem que não pudéssemos mais estar em paz com os sacramentos,
especialmente, confissão e comunhão.
Aos poucos, a fé passou a não ser humana e
a gente se afastou da Igreja.
Éramos católicos de nome.
Não íamos à Missa com as crianças e eles se
acostumaram com isso: fizeram a Primeira Comunhão e só.
Cresceram e a minha Igreja não fez parte da
fé que escolheram, direito que lhes é reservado, como a todos.
Hoje eu sei que custou muito caro o meu
afastamento da religião de batismo.
Foi difícil retomar a fé, o que tenho feito
a duras penas, cheia de dúvidas, com longos papos com Padres amigos,
enchendo-os de perguntas sobre minha contrição, já que não sei se encheria a
casa de muitos filhos como meus avós, sabendo como eu sabia então, que
educá-los e criá-los bem, seria impossível.
Nem sei como fazem hoje as famílias que têm
poucos filhos e são leais às suas obrigações com a fé.
Eu não consegui.
Texto de Mila Ramos
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