Pela
extinção dos índios no Brasil.
Jader Christo
Na
qualidade de neto
de índio, fico chocado quando vejo um turista sendo recebido por um bando de
coitados, ornados ridiculamente com penas de plástico, falando com sotaque de
“caboclo” incorporado da Umbanda e dançando uma dança estranha como se tivessem
um espinho em um dos pés e circulando mancando e grunhindo por uma “aldeia” mais
deprimente ainda.
Lógico
que eu não ficaria tão indignado, se após essa apresentação, cada índio vestisse
uma roupa decente,
entrasse
no seu carro e fosse para um casa decente.
Mas
continuam lá, vestindo trapos e morando indignamente.
É a
discriminação cruel a qual são submetidos todos da etnia.
E
justamente esta sociedade que vive bradando insistentemente por direitos de
“esses” e ”daqueles”, é que acha normal manter pessoas como se fossem animais
exóticos.
Quem
achar que índio deve viver lá no mato, fazendo cocô na moita, morando numa oca
fedida, sem calca, e se limpando com folha, deveria levar a própria família pra
lá e sentir se é bom
Voltará
cheio de picadas de mosquito, vermes, malária.
Não é
justo, não é direito.
O
índio só é considerado um problema porque a sociedade insiste em considerá-lo
sub-raça exótica, um bichinho primitivo, numa atitude discriminatória,
preconceituosa.
Se
existe um problema, este seria resolvido com uma atitude:
Considerá-los
seres humanos participantes da sociedade e...
Trabalho.
Colocar
todo mundo pra trabalhar
A
proposta é a seguinte:
Reunir
todas as etnias, xavantes, tupis, ianomâmis.
Recolher
as carteiras da FUNAI e distribuir carteira de trabalho.
E
mandar todo o mundo procurar serviço. Participar da sociedade.
O
mundo girou, a sociedade moderna é mais confortável, e o índio (na condição de
etnia), tem o direito a participar disso, embora muitos deles não
saibam.
E
embora ainda exista uma legião de preconceituosos, cravejados de “boas
intenções” (que o diabo os carregue) que os querem assim,
primitivos.
Claro
que, se alguém ficar enchendo a cabeça deles com essa historia tradição, eles
vão sempre acreditar que aquilo é bom.
É um
preconceito cruel achar que índio não pode evoluir.
É
chamar a todos de sub raça e iludir dizendo que eles têm que morar na
selva.
Se
fosse pensar desta forma, os descendentes de portugueses teriam que passar a
vida plantando uva e pescando bacalhau e os descendentes de japoneses só
poderiam plantar arroz.
Claro
que não é assim.
Todas
as raças e povos que chegaram aqui no Brasil usam a tecnologia e o conforto
disponíveis no mundo moderno.
Todos
têm esse direito.
É
lógico que tem uma meia dúzia lá na selva que não querem mais nada com o
batente, pois já perderam o trem da história, mas então vamos educar e preparar
os filhos para viverem o mundo moderno.
Até
porque, de qualquer forma, os jovens indígenas acabam vindo pra cidade mesmo, e
sem nenhum preparo, porque algum idiota decretou que eles deveriam receber
cultura regional , própria para indígenas, ou seja...nada.
Diriam:
Temos que preservar cultura!
Cultura?
Que cultura?
Se
tomarmos como exemplo os descendentes de alemães em Santa Catarina, que, para
preservar a cultura, todo mês de outubro vestem roupas típicas. Reúnem aquelas
alemãezinhas lindas de cinema.
E
desfilam!
E
enchem a “fuça” de cerveja e festejam!
Mas,
na segunda feira... Vai lá ver!
Todo
mundo “caçando” um serviço.
Não
tem ninguém parado esperando verba de governo para serem
mantidos.
E
sabemos que alemão tem muito mais cultura que índio.
Porque
se “olhar” direitinho.
Índio
não tem cultura nenhuma, índio na sabe de nada.
Você
passa seis meses numa tribo e não aprende nada: os caras não sabem de coisa
nenhuma.
AH!
Porque índio tem cerâmica milenar!
Cerâmica?
Que
cerâmica?
Um
vaso mal feito, “safado”. De barro mal cozido
Se
colocar água, vaza.
E se
colocar mantimento, quebra!
Um
vaso que ninguém tem coragem de colocar na sala de estar, perto de um vaso de
porcelana chinesa.
Quebra
a toa, vaza tudo que coloca dentro
Isso
é técnica?
AH!
Porque Índio tem pajelança!
Que
pajelança?
Lembra
do Augusto Ruschi?
Aquele
que desenhava beija flores?
O
Raoni (com aquele piercing estúpido no beiço) fez pajelança pra curar
ele.
Resultado?
Morreu!
Claro!
Aquilo não vale nada.
Um
“maluco”, cheio de “pinga”, grunhindo, que nem um macaco, vai curar
alguém?
AH!
Mas índio tem que honrar ancestrais!
Que
ancestrais?
Índio
não sabe nem quem é o pai!
Vai
honrar que ancestral?
É uma
bobageira, uma conversa fiada que não sei como as pessoas de bom senso aturam
essa palhaçada.
É de
doer.
Tem
gente que diz que índio conhece os segredos da floresta, conhece
ervas...
Ervas!?
Sejamos
francos:
Qualquer “Pai de Santo” sabe
prescrever uma receita de ervas melhor que
índio.
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, dos seringais,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
-
Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
-
Você sabe de onde eu venho ?
E de uma Pátria que eu tenho
No bôjo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreiro,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.
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Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz !
”
———- Guilherme de Almeida
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