
Mila Ramos
Você se lembra as suas Páscoas de criança?
Eu lembro bem e dou risadas diante dos “tetos cobertos de ovos” e
corredores dos super mercados de hoje, parecendo um Monstro Cacau cheio de açúcar,
colocando pressão sobre a pobre coelha e
querendo uma super produção para já. Agora!
Rápido!
Muito papel dourado e fitas sobrando, laçarotes coloridos, preços altos,
menos chocolate, mais reais.
Na verdade, minhas Páscoas infantis eram feitas com casquinhas de ovos,
cuidadosamente guardadas nos meses
anteriores, pintadas a mão com pouca arte e muita anilina, alguns mais
requintados tinhas babadinhos de rendas franzidas na parte por onde seria
colocado o amendoim doce ou até minúsculas balinhas. Depois, um papel colado
com grude, fechava a gostosura até o domingo de Páscoa. Tudo escondido das
crianças, de nós, no caso.
A gente ia à Igreja na sexta-feira
Santa, assistia, comovida, as cerimônias
da morte de Jesus, e obedecendo os preceitos religiosos, não comíamos carne (o
que faço até hoje).
Sábado, a alegria já
começava a movimentar a casa de minha avó, sede da família que morava quase
toda em casas na grande área de propriedade do velho Pedro Soares, meu avô
materno. Hoje, chamariam aquilo de condomínio, acho.
Preparava-se o almoço
de domingo, para depois da Missa de Páscoa, enquanto os mais velhos cochichavam
entre si sobre os esconderijos dos ninhos do coelhinho da gurizada.
E era uma festa de
alegrias ou de choros, achar ou não os ninhos, até os consolos finais dos pais
“entregando” o segredo para os menores e
mais chorões.
Não esqueço o berreiro
que fiz na Páscoa em que, o único ovo de balinhas que ganhei, escorregou-me das
mãos e caiu, esparramando-se numa poça de água da chuva da véspera...Chorei até
dormir, mas foi com razão, não foi?
Você não se lembra de
suas Páscoas de infância? Pense bem! Vá fundo no seu coração e pergunte onde
estava o coelhinho do seu Domingo de Páscoa, daquele tempo...
Garanto que não estará no corredor do super mercado do seu
bairro, que fica escurecido pela quantidade de chocolate pendurado nas
prateleiras.
Procure-o com saudade
e você vai encontrá-lo no seu coração, nas suas lembranças.
E ria daquele tempo
de
PÁSCOA de CASQUINHA!
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