sábado, 30 de março de 2013

PÁSCOA DE CASQUINHA




                                            Mila Ramos

 

Você se lembra as suas Páscoas de criança?

 

Eu lembro bem e dou risadas diante dos “tetos cobertos de ovos” e corredores dos super mercados de hoje, parecendo um Monstro Cacau cheio de açúcar, colocando pressão sobre a  pobre coelha e querendo uma super produção para  já. Agora! Rápido!

Muito papel dourado e fitas sobrando, laçarotes coloridos, preços altos, menos chocolate, mais reais.

 

Na verdade, minhas Páscoas infantis eram feitas com casquinhas de ovos, cuidadosamente  guardadas nos meses anteriores, pintadas a mão com pouca arte e muita anilina, alguns mais requintados tinhas babadinhos de rendas franzidas na parte por onde seria colocado o amendoim doce ou até minúsculas balinhas. Depois, um papel colado com grude, fechava a gostosura até o domingo de Páscoa. Tudo escondido das crianças, de nós, no caso.

 

A gente ia à Igreja  na sexta-feira Santa, assistia, comovida, as cerimônias da morte de Jesus, e obedecendo os preceitos religiosos, não comíamos carne (o que faço até hoje).

Sábado, a alegria já começava a movimentar a casa de minha avó, sede da família que morava quase toda em casas na grande área de propriedade do velho Pedro Soares, meu avô materno. Hoje, chamariam aquilo de condomínio, acho.

Preparava-se o almoço de domingo, para depois da Missa de Páscoa, enquanto os mais velhos cochichavam entre si sobre os esconderijos dos ninhos do coelhinho da gurizada.

E era uma festa de alegrias ou de choros, achar ou não os ninhos, até os consolos finais dos pais “entregando”  o segredo para os menores e mais chorões.   

Não esqueço o berreiro que fiz na Páscoa em que, o único ovo de balinhas que ganhei, escorregou-me das mãos e caiu, esparramando-se numa poça de água da chuva da véspera...Chorei até dormir, mas foi com razão, não foi?

Você não se lembra de suas Páscoas de infância? Pense bem! Vá fundo no seu coração e pergunte onde estava o coelhinho do seu Domingo de Páscoa, daquele tempo...

Garanto que não  estará no corredor do super mercado do seu bairro, que fica escurecido pela quantidade de chocolate pendurado nas prateleiras.

Procure-o com saudade e você vai encontrá-lo no seu coração, nas suas lembranças.

E ria daquele tempo de

                  PÁSCOA de CASQUINHA!

 (Fotos colhidas no Googe)

 

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