Mila RamosEu brincava com as crianças negras, de comadre. Lembro de uma amiga que era chamada por todos como Negrinha e eu a chamava de “Comadre Negrinha”. Não sei se ela ainda vive, mas gostaria de encontrá-la para falar sobre preconceito. Hoje, isso não faz mais diferença para mim nem entre alguns amigos e amigas, onde tenho negros que amo.
Ser preconceituoso é uma questão de tempo.
Aos poucos, todos vão-se acostumando com tudo...
Fui educada na época em que os negros eram empregados na casa e na chácara de meu avó e eram tratados muito bem. Mas que eram negros, não havia a menor dúvida.
Só não aceito é a tal designação de negros como "afrodescendentes". Eu sou brasileira branca e devo dizer-me "eurodescendente" e que quero bolsa ou cota, sei lá? Bobagem, porque descendentes somos todos de alguém, menos os índios.
Sobre gays, a coisa fica mais complicada ainda. Não, é claro, entre alguns amigos e amigas gays que tenho, mas pelo barulho que alguns militantes gays se arvoraram em criar, até no Congresso Nacional. Criou-se essa diferença doentia entre uns e outros habitantes da terra e os jornais encheram-se de anúncios polêmicos que, a meu ver, seriam desnecessários.
“ Na rua tal, nesta madrugada, dois gays foram assaltados e surrados por uma gangue ..”
Algum tempo atrás, se bem me lembro, a notícia era dada com “dois homens foram assaltados por uma gangue”..etc. e tal. Agora especificam que os atacados eram gays. Não eram pessoas, gente? Não eram homens? Então, a notícia deveria ser escrita diferentemente: “Dois gays foram assaltados por heretossexuais .“
Pelo visto, a preferência sexual dos brigões é mais importante do que seu gênero (“classe em que sua extensão, se divide em outras classes, as quais, em relação à primeira, são chamadas espécies”.( Aurélio)
Ou não tem mais?
A briga não era entre gente, homens ou mulheres, era entre duas classes que fazem sexo diferentemente. Uns com homens , outros com mulheres..
Enfim, entenda-se por que assombro-me com a atual exposição que se dá à preferência sexual entre os habitantes do planeta (ou isso é mais por aqui mesmo?).
Ora, deixem de lado essa implicância boba. Cada um ama quem ama e pronto! Quatro paredes e se faz o amor! Com quem quer, com quem gosta!Nunca fui mesmo partidária de expansões públicas de afeto, era assim no tempo em que namorava, e acho que as pessoas de bom gosto ainda preservam, para as quatro paredes, os seus despudores no amor.
Então, por que a disputa dos senhores do sexo aberto? Não têm casa? Não existe mais motel, quartos para alugar, cantinhos escondidos? Precisa ser a céu aberto para que todos saibam de seu gostos, no amor e os julguem?
Arre! Faça-me o favor! Discutir e fazer inimigos só para provar que são gays ou hêteros? Que amam diferentemente? Que há gosto para tudo? Isso, todos já sabemos.
Juízo, senhores da palavra apaixonada, dos gestos do amor! Amar é bom, eu sei. Mas tudo tem um limite!
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