Mila Ramos
Estou feliz porque tenho uma estante cheia de livros raros!
Todos de ortografias vencidas pelo novo des-acordo ortográfico, o que faz deles
o que sempre procurei em sebos e o que guardei desde os tempos do colégio.
Entre eles, os meus, editados há menos de vinte anos e outros
que comprei no Natal. Todos muito importantes.
Um deles é uma gramática da FTD, dos anos 30, (alguém pediu
para fazer uma pesquisa e não devolveu, alô alô!) onde dei os primeiros passos
na combinação do predicado com o sujeito, ainda com Dona Ondina, em
Tijucas.
Depois, no Ginásio, aqui em Joinville, a velha gramática
ainda valeu até que Bechara brilhou com o
predicado nominal e o verbal, os adjuntos circunstanciais passaram a se chamar
adnominais, o predicativo, etc e tal.
Enquanto isso, a ortografia ia e vinha, os acentos subiam e
desciam e a gente tentava escrever da melhor maneira possível.
Agora, outra revolução!
Mas tanto faz que os acentos tenham mudado, que
o hífen tenha saído de alguma palavra e se mudado para outra, que o R e o S
tenham dobrado aqui ou ali e que o trema tenha sido banido dos nossos escritos:
meus livros continuarão raros e muito, muito especiais.
Meu livro de Cruz e Souza, presente de Dúnia de Freitas, foi
editado em 43. Um Goffiné Brasileiro da 3ª edição, P. dr. Huberto Rohden,
“illustrado” por H. Graf, Editora < VOZES> de Petrópolis,
1935.
Coleção da História da Civilização, de Will Durant, é de 46,
meu Pequeno Príncipe, de S. Exupéry é de 63. Contos Minúsculos, de Borges de
Garuva, xerocado e com autógrafo, de 87, meu Pé de Vento é de 85, meu Cem Anos
de Solidão, GG Marquez, é da 34ª edição, 67.
MeuTesouros, muitos deles, são de edições que
ultrapassaram reformas ortográficas e nem por isso deixei de lê-los e de
guardá-los, assim como guardo, numa moldura, um guardanapo de papel desenhado
com esferográfica e pincel atômico, um dos “linguarudos” do meu querido
Shwanke.Uma relíquia!
Hei de preocupar-me com acentos por quê?
Quero mais é que todos leiam muitos livros de ontem, de hoje
e de amanhã. E ainda é pouco, muito pouco!
Leiam todos os “velhos” livros da Biblioteca Pública, da
biblioteca da escola, do vizinho, da minha, que está às ordens, estejam lá os
acentos onde estiverem, porque nós continuaremos falando a língua de ontem, de
hoje e de amanhã.
Minha língua portuguesa é a que aprendi até os oitenta anos.
Não troco mais, não tenho mais tempo para isso!
Pior, muito pior é ser de uma geração que não leu
nada,
com ou sem acento.
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( imagens colhidas no Google) |
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