Mila Ramos, em Pé de Vento, 1985.
Toda vez
que acomodo
minha vida,
que despejo os inquilinos do desejo,
que os trastes velhos vão
sumindo
e vão ruindo os restos de
emoção,
a calmaria faz cessar
os ventos e as ondas do meu mar.
Toda vez
que a quietude faz que mude
sinfonia interior em canção mansa,
vendaval corrigido pra bonança,
e o pranto que me rói vira brinquedo,
é calmaria, eu tenho medo.
Redemoinho vem chegando, eu
sei,
pra alucinar meu dia a dia!
Uma presença nova se anuncia
e faz meu mundo estremecer
em mais um concerto de agonia.
Não sei amar de leve,
sossegado,
Só sei amar de amar, apaixonado...
E outra vez é vendaval, é sinfonia,
meu coração,
um quarto de despejo,
desarrumado, um cortiço, alvoroçado,
e amo muito mais, como agora,
que te vejo.
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