Mila Ramos
Sou professora . Quando me formei, não se ouvia dizer que faltassem professores
para escolas do interior, porque quem sabia ler e escrever ensinava seus filhos e, mesmo sem diplomas, um
professor era contratado porque para ensinar a ler e a escrever , basta
saber e querer.
Hoje, o interior do Brasil, é muito mais!
Nas casas mais simples, TV, computador,rádio e celular com internet é rotina. Soube, outro dia, que existe um
lugar distante, no Brasil, onde as pessoas não sabem quem é Pelé, Dilma, Lula,
Roberto Carlos, Sílvio Santos, cantores caipiras e ou sertanejos... Vivem no
Brasil de um século atrás, mas isso é tão raro que foi notícia do Fantástico.
Isso significa que dá
para viver sem tudo isso.
Sem médico,não.
Sem médico que lhes salve a vida, de uma infecção, de febre alta, de
uma mordida de cobra, de um parto difícil, da própria malária, isso não tem,
não! Como se salvaram
nossos avós? Eles morriam cedo. Quando muito, chegando aos cinquenta ou
sessenta anos. A percentagem de mortalidade infantil era altíssima. Já adultos,
morriam de “quebranto”, “arca-caída”. De
pneumonia, apendicite, úlceras estomacais, febres de causas “desconhecidas”,
sarampo, catapora, tosse comprida etc, etc, essas doenças que, hoje, os médicos curam com
uma receita simples.
Mas os médicos precisam estar lá. Lá, onde
a doença também está: no interior do Brasil.
Mas eles não querem ou não podem ir. A
especialização (tão necessária também) é feita nos grandes hospitais das grandes
capitais.
Essa é a grande discussão do momento:
médicos no interior. Quem vai? Quem pode ir? Médicos contratados no exterior ou
os chamados médicos cubanos estão sendo rechaçados pelos nossos profissionais,
numa luta da classe.
Eu escolho, tenho plano de saúde, médicos
amigos. Eu tenho sempre os melhores médicos daqui, nas áreas em que sou carente,
graças a Deus.
Mas como resolver o impasse dos mais
necessitados?
E médicos nos Postos de Saúde de Joinville, a maior
cidade de Santa Catarina? Sua população está beirando, se já não passou, os 500
mil habitantes, no último recenseamento.
Quantos
médicos temos? É suficiente? Quantos médicos precisamos, segundo a Associação
Mundial de Medicina?
Professor, tem.
Médico, não. Médico precisa muito mais do que o
necessário para ensinar a ler e escrever. Certo!
Certíssimo!
Muitas perguntas para fazer:
Como pode um Prefeito
resolver um problema de falta de profissionais nos quadros de sua administração?
Onde procurá-los? E o Governador do Estado? E a Presidente do
país?
A pessoa que trabalha comigo, em casa,
está há um mês chorando de dor de estômago. Melhora com dieta, chás, mas daí a
algumas horas, dói outra vez? Por que
dói? Não sei, acho que ela precisa de médico, de exames. Aonde ir? No bairro
COMASA onde mora, ela já foi cinco vezes na quinta e na sexta-feira , dias 4 e 5
deste mês. Não conseguiu ficha para
pleitear consulta com um médico
clínico, quiçá, com gastro. Fazer o que?
Deixar de trabalhar, de comer e de dormir - porque ali o “expediente” dos
necessitados começa à meia noite! Ela esteve lá e , às 7h da manhã, ouviu a atendente dizer que as fichas (só duas,
no caso para o Clínico Geral, que diria se ela precisa de gastro ou não) .
Quando conseguir a consulta do postinho, ela precisa de exame do Gastro e a
novela é outra: o Clínico dá uma
requisição para o INSS carimbar, depois
de ir ao INSS, a paciente liga para o consultório do médico autorizado e pede a
consulta, que será marcada por ele, para daí a 20, 30, 40 dias, quem sabe, até
um ano depois. Há pessoas que estão, , esperando por uma cirurgia há um ano.
E a dor de estômago? Ela paga imposto IPTU, luz, água, taxa de lixo, paga
INSS e ainda os impostos embutidos nos produtos que compra para alimentação, como
aliás, todos nós. Em qualquer país sério ela teria um tratamento de saúde digno
de um ser humano.
No Postinho, está dificil encontrar saúde.
Se o médico vai. os exames e as consultas especiais são
feitas pelo INSS e demora...
Trazer médico
do “exterior”, sem revalidar sua capacidade, que garantia tem o
necessitado de que ele sabe o que está fazendo?
E a dor
continua...
Hoje ela ligou, para o
Postinho e a problema continua...
Falta médico
e postinho onde ela possa fazer exames e consultar com um gastro, com urgência,
porque ela e mais uma população inteira está sentindo dor.
O que fazer?
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