A Primavera burra
·
Pela primeira vez na história Supremo Tribunal Federal tem
juízes partidários
ARTIGO - GUILHERME FIUZA
Publicado: 28/09/13 -
0h00
Supremo Tribunal Federal melou a
prisão dos mensaleiros, na mão grande. Como se sabe, pela primeira vez na
história a corte máxima tem juízes partidários, como Ricardo Lewandowski e Dias
Toffoli, obedientes aos seus senhores petistas. E os principais réus do
mensalão, que por acaso mandam no Brasil, têm os melhores advogados de Brasília
— pagos a peso de ouro com uma dinheirama que eles não precisam dizer de onde
veio, mas pode-se supor. Foi com essa blitz política (disfarçada de jurídica),
ou, em bom português anglo-saxão, com esse lobby, que o Brasil foi roubado de
novo, à luz do dia.
|
E o que fizeram os brasileiros,
que agora são revolucionários e esculhambam o trânsito a qualquer hora do dia
para “mudar o Brasil”? Não fizeram nada. Os bravos manifestantes da Primavera
Brasileira de 2013 assistiram ao novo assalto, como diria Anitta(*),
ba-ban-do.
|
O golpe dos embargos infringentes
foi vexaminoso. Uma manobra tosca, que embaralhou um julgamento cristalino e
cindiu o direito e o bom senso — o que é uma cisão grave, mas não nesse Brasil
onde civismo é jogar pedra em vidraça. Votos como o do ministro Marco Aurélio
mostraram que o julgamento só poderia ser reaberto — decisão drástica — se não
pairassem dúvidas sobre a legalidade dos embargos.
|
Pois bem: o julgamento foi
reaberto em casos onde houve quatro votos contrários à sentença. E a própria
decisão de reabertura teve cinco votos contrários! Não seria então o caso de
entrar com embargos infringentes contra a aceitação dos embargos
infringentes?
|
Não, não seria, porque nesse
caminho de prostituição da técnica, a lógica já foi abandonada no acostamento há
muito tempo, e o espírito da lei já foi pendurado na parede, ao lado de um
retrato do filho do Brasil. A blitz dos advogados milionários do PT fez o STF
virar as costas para a lógica e o espírito da lei. Normal. Quem está do outro
lado é só o Brasil, esse pobre coitado, que não tem nada concreto para oferecer:
nem cargos, nem prestígio, nem favores, nem negócios, nem mesmo a emoção de um
café da manhã com José Dirceu, o astro da penumbra.
|
Foi comovente ver a bancada
petista no Supremo, em ações grandiloquentes e tom épico, defendendo com garra
um futuro tranquilo e confortável. O PT inaugurou o patriotismo
privado.
|
Para o pobre coitado do outro
lado, batizado com nome de madeira nativa (profetizando a cara de pau), o que
aconteceu no Supremo Tribunal Federal é apenas o fim. Se as massas (e os gatos
pingados) não sabem direito por que vão às ruas, se não é só por 20 centavos, se
é por tudo — e tudo, como se sabe, é igual a nada —, a zombaria do STF contra o
país inteiro, aliviando os maiores assaltantes da história da República, cujo
grupo político por acaso governa o Brasil, é a causa das causas. É para inundar
as ruas de gente, é para cercar os palácios da Justiça Federal em todo o
território, é para, aí sim, parar tudo e avisar que isso aqui não é a casa da
mãe Dilma e de seus companheiros parasitários.
|
Mas o que se viu por aí depois do
golpe do STF? Bem, escolha a sua manifestação preferida: black blocs vaiando e
ameaçando artistas de cinema na chegada ao Festival do Rio; revolucionários da
Cinelândia recebendo a adesão do Batman e do Saci Pererê; ninjas, fora do eixo e
fora de órbita, discutindo a relação com a polícia (decidindo o que veio
primeiro, a pedra ou a pimenta); sindicalistas privatizando as ruas e decidindo
quem pode ir e vir.
|
Enquanto isso, estoura novo
escândalo na boquinha que Dilma Rousseff cultivou dentro do Ministério do
Trabalho — o mensalão redivivo na farra das ONGs piratas. Mais R$ 400 milhões
desviados para a turma que a presidente fingiu escorraçar em 2011, com o
inesquecível Carlos Lupi, mas que na verdade protegeu, porque é dando que se
recebe. Os réus que o STF acaba de refrescar fizeram escola, só não vê quem não
quer. E ninguém parece querer. Não apareceu um único mascarado no horizonte para
acuar os sócios do governo popular nesse novo escárnio. Eles preferem rosnar
contra artistas de cinema.
|
Não pode haver mais dúvidas: os
movimentos de protesto que levaram os brasileiros às ruas em 2013 passarão à
história como a Primavera Burra.
|
PS: o ministro do Trabalho passa
bem, os ministros infringentes idem, e os mensaleiros estão estourando champanhe
com a nova disparada de Dilma no Ibope. Vêm aí mais quatro anos de sucção
pacífica.
Guilherme Fiuza é
jornalista
|
|
terça-feira, 1 de outubro de 2013
PRIMAVERA BURRA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário