Mila Ramos
Não
sei se sou eu que sou azarada ou se isso é um mal do mundo moderno. Se é mal do mundo moderno, lamento o quanto
nosso mundinho está atrasado e ruim de aturar.
Desde
menina sonhei em ter telefone, livros e um piano. Cada um tem o sonho que
merece, e daí? Os meus eram estes.
Um piano na sala (e eu
tocando, claro!), uma biblioteca cheinha de livros - eu lendo - e um
telefone tocando.
O
telefone era o grande luxo da minha época de jovem, dos filmes, as mocinhas
namorando, os escritórios onde os homens, sempre de terno e gravata,
discutiam negócios e usavam um telefone preto enorme. Alguns ainda pediam uma
ligação para alguém que não estava na cena; outros, mais modernos, tiravam o
fone do gancho, discavam (havia um disco mesmo, lembram?) e falavam com quem
queriam. Eu achava um luxo, só imaginado em sonho. E este era um dos meus, na
infância.
Não
demorou a realidade de um telefone, o de disco, principalmente.
O
sonho dos livros, fui realizando aos poucos e, hoje, gosto de me sentir
rodeada deles, alguns raros e amados, outros menos raros, mas igualmente
importantes na minha vida.
O
sonho do piano ficou no sonho mesmo. Durante anos estudei os métodos, cinco
ao todo, nem sei se ainda se segue a mesma escola. Escalas e mais escalas e
os “bifes” que eram o grande barato para brincar quando a professora estava
longe – nas aulas do Colégio. Quando ela chegava, engrenávamos um Le lac de
Come, La Prière de une Vièrge, Mercado Persa, Danúbio Azul, Pour Elise e outras músicas próprias do quarto ano e que, naquela época, achávamos uma chatice.
Depois, noivado e casamento, casa nova sem
piano e lá se foi o sonho do teclado.
E
agora, outro teclado na minha vida, o do telefone, mas como tem incomodado.
Claro que não está acontecendo só comigo. São tantas as vezes que a gente precisa
desse “bendito” durante o dia e ele negando fogo... Uma hora é “o
número discado não existe”, a gente sabe que existe, espera um pouquinho, dá
um “redial”. Aí, o número existe e atende.. “Este número está desativado” ou
“por ordem do assinante, este número...” aí a gente já bate o fone no gancho
e nem deixa a gravação acabar... Liga outra vez. Aí, fica mudo. O jeito é esperar.
Neste
momento, o meu sonho vai ficando longínquo como nos tempos em que a gente
discava e o lado de lá atendia sem conversa e pronto.
Como se chama isso? Desilusão? Ah! É muito mais que isso!
Acho que é coisa de país sub-desenvolvido! País de político desonesto que não aplica as verbas em obras para ficar com o dinheiro.
Coisa de país enganado por outros países que vendem um produto mas que podem deixar a gente mal servida porque não tem quem brigue por nós.
O
nome disso é administração sem brio, falta de políticos com vontade e atraso.
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terça-feira, 3 de dezembro de 2013
ACONTECE COM VOCÊ?
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