Mila Ramos
(Banana figo) |
Não são quatros paredes,
são afagos.
Não é pedra nem cal,
nem telhas nem madeira.
É carne,
é sangue,
é sal,
é o tempero no insosso
dos meus dias,
é espuma que escorre,
é ternura,
é silêncio e som
reabrindo nas veias
os caminhos perdidos
do meu eu.
Um canto meu,
lugar ou voz
nem sei.
Aqui, entre quatro paredes,
a noite tem feitiçoe a lua é rainha,
mesmo em minguante.
E o mar que existe,
mesmo em maré vazante,
tem o verde da espera.
( crochê de minha mãe) |
às vezes hino,
outra vezes balada,
atonal, desafinada,
distorcida, muda e sem tema...
Igualzinha à minha vida...
Andanças esquecidas,
a voz dos sons do céu
e a cadência irregular da fantasia.
Meu ninho emplumado,
(bastão do imperador) |
onde, grávida de sonhos,
pairo versos,
inversos...
reversos...
************************************************
(Fotos de flores de minha casa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário