domingo, 2 de fevereiro de 2014

RAINHA LUA



Mila Ramos

 
(Banana figo)

                                              
Não são quatros paredes,
são afagos.
Não é pedra nem cal,
nem telhas nem madeira.
          É carne,
          é sangue,
          é sal,
é o tempero no insosso
dos meus dias,
é espuma que escorre,
é ternura, 
é silêncio e som
reabrindo nas veias
os caminhos perdidos
do meu eu.
          Um canto meu,
          lugar ou voz
          nem sei.
Aqui, entre quatro paredes,
a noite tem feitiço
e a lua é rainha,
mesmo em minguante.
E o mar que existe,
mesmo em maré vazante,
tem o verde da espera.

( crochê de minha mãe)
          Um canto meu,
          às vezes hino,
          outra vezes balada, 


atonal, desafinada, 
distorcida, muda e sem tema...
Igualzinha à minha vida...

Andanças esquecidas,
             
              a voz dos sons do céu
              e a cadência irregular da fantasia.

              Meu ninho emplumado,
 
(bastão do imperador)
                                                  
aquecido,                         
            onde, grávida de sonhos, 
            pairo versos,
                       inversos...
                            reversos...
      
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(Fotos de flores de minha casa)

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