O que é isso?
Que Brasil é este meu,
o que envenenou o
coração dos teus filhos?
O que te fez, de repente,
arder em fogo celerado contra teus irmãos, teu vizinho, contra teus
companheiros, contra tua amada?
Que loucura invade o
coração festeiro, de carnaval colorido, na dança fogueteira de um boi-bumbá,
numa roda de samba?
Cadê teu bate-bola nos
finais de tarde, meu Deus, de uma praia bonita, de um “jacaré” nas ondas, de um
mergulho, de uma pescaria?
De um cineminha com a
namorada, de um bailinho de rosto colado, de olhares quentes ou de doces
olhares?
Quem és tu, meu irmão
basileiro?
O que aconteceu
contigo?
O que te fez odioso,
arrebatado e violento ...
Tão violento quanto as vítimas que arrastas até a morte.
Onde está o garoto calmo e
brincalhão, que soltava pipas, que subia na goiabeira ao quintal , que ia à
Igreja com a mãe e rezava para o Anjo da Guarda antes de dormir?
Aonde estás?
Tu não podes ter sumido
das nossas vidas, dos nossos olhos e ter-te transformado neste ser alienado do
mundo que era teu, do colo da mãe, do passeio com o pai, do futebol com teu
time...
Eu te procuro na televisão
mesclada de sangue, no assassinato violento de outro brasileiro, da namorada que
te amava, ou da mulher que só queria sexo, como tu.
Quem é a mãe que se
escabela de dor ao ver seu filho transformado num animal feroz , aquele mesmo
que ela embalou fazendo adormecer colado à sua mama?
Será a tua?
Pobre mãe! A mesma que
lavou tua roupa e fez moda nova em teus cabelos, alvoroçando-os como os do
jogador de futebol do time que adoravas...
Infeliz mãe a que fizeste,
a que escolheste para levar-te ao crime.
Ela sofre
muito, porque te ama ainda. E teme ver-te na morte,
escorrendo sangue como tuas vítimas, queimado como os mendigos que
incendiaste...
Volta , brasileiro, meu
jovem irmão, pra vida que esqueceste.
Estás tão
feio.
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