quinta-feira, 9 de julho de 2015

GRÉCIA, uma Vitória de Pirro






O plebiscito do último domingo mostrou que o povo grego parece estar vivendo no Olimpo. Apesar do caos econômico, a maioria dos eleitores rejeitou o compromisso com a austeridade financeira e fiscal para que o país encontre o necessário equilíbrio nas contas públicas. O eleitor embarcou no discurso do primeiro-ministro Alexis Tsipras, vencedor da batalha plebiscitária. Tudo indica que o resultado da consulta popular não passou de uma vitória de Pirro, expressão cunhada pelos próprios gregos para se referir a uma vitória, em face de uma causa perdida.
Aliás, foi a segunda vitória eleitoral de Tsipras que, há menos de um ano, se elegeu prometendo desmontar o plano de austeridade iniciado no governo anterior. Mesmo sabendo da grave crise econômica, demagogicamente, prometeu mais empregos, aumento de salários e muita prosperidade para os seus eleitores. Os fatos aí estão, para comprovar o embuste eleitoral.
Economicamente, a Grécia está quebrada. O governo grego gastou demais. Sua dívida pública, de quase duas vezes o valor do seu PIB, chega a 370 bilhões de dólares. É muito dinheiro tomado junto ao FMI, Banco Europeu e outras fontes de financiamento, que estão querendo ver a cor do dinheiro emprestado. Chegou a hora de pagar a dívida, mas os gregos estão sem dinheiro. Querem que os outros paguem a conta. Na verdade, sem assumir o compromisso com um sério plano de austeridade para os gastos públicos, o governo grego quer mais dinheiro emprestado. E, isto não entra na cabeça de nenhum credor, que só empresta com a garantia de recebimento.
Depois de induzir o povo a votar contra a austeridade fiscal, o governo grego mudou seu discurso radical e acena com uma proposta de ajuste de sua economia. Sabe que, sem a ajuda financeira da União Europeia, a Grécia vai mergulhar numa crise econômica e social ainda maior. Afinal, o mesmo povo que votou contra ou a favor não vai se acomodar diante de bancos fechados, desemprego elevado e uma economia paralisada. Até o final desta semana, deve ser apresentada a nova proposta grega. O perigo é que pode vir sob a forma de um moderno Cavalo de Troia.
O grande mal é que a Grécia está nas mãos da esquerda, acostumada a prometer vantagens e direitos sociais, legítimos sem dúvida, mas sem a responsabilidade de criar um sistema de desenvolvimento econômico capaz de produzir o suficiente para bancar a tão desejada sociedade de bem-estar social.  No Brasil, o atual governo, que também se confessa de esquerda, não fez diferente. Parece que estamos a caminho da Grécia, mas sem União Europeia para nos socorrer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário