Smartphones
Recebi
um e-mail com o título “Visitando a Vovó Maria”, que poderia ser qualquer outra
avó. Na mensagem, nenhum texto. Apenas uma foto mostrando uma velhinha de
óculos, cabelos encanecidos pelo tempo, olhar alheio, talvez entristecido pela
indiferença ao seu redor, uma dúzia de netos, alguns ainda meninos e meninas,
outros adolescentes já, todos de cabeça baixa a dedilhar seus mágicos smartphones, essas maravilhas da
comunicação pelo silêncio, que isolam e fazem as pessoas falar consigo mesmo,
criando um espaço de solidão em meio à multidão.
Quem
diria que a TV, exímia vendedora de ilusões e fortes emoções, tela mágica que
esvaziou as salas dos cinemas e relegou as rádios aos momentos ocasionais de
uma viagem de automóvel, iria perder seus deslumbrados espectadores para essa
nova caixinha cibernética da imagem e do som, que nos oferece maravilhas e nos
conecta com o mundo, porque neste universo global não se vive mais sem conjugar
os verbos digitar e conectar.
Essa
mesma cena de surdos-mudos que preferem o silencio à conversa familiar,
acontece também nas reuniões de filhos e pais, com a diferença de que a maioria
destes também está conectada às redes sociais e se diverte ao lado da prole
enviando mensagens pela nova onda do WhatZapp
ou, então, pelo Face, essa corrente
unindo uma tribo virtual de curtição de fotos narcisistas, de piadas, anedotas
e fofocas porque, hoje, o perigo não é mais a língua da vizinha, mas a desgraça
de cair na net.
Nas
cafeterias e restaurantes, oferecer wi-fi é preciso, para surfar na nova onda e
ganhar a preferência da freguesia antenada. Nesses espaços gastronômicos, antes
utilizados para bate-papos fraternais, agora, o silêncio só é quebrado pelas
indispensáveis cobranças dos garçons e pelo tilintar de pratos, xícaras e
taças.
Nos
saguões dos aeroportos, já não se reclama tanto dos voos em atraso. Afinal,
quem viaja de avião, com certeza, tem o seu celular-esperto para mandar e
receber informações sobre negócios, consultar saldos de contas bancárias ou,
então, passageiro-simples-turista, para navegar nos meandros da teia
cibernética e infinita, que tudo oferece na pequena tela dos mágicos smartphones.
Fico
impressionado em ver a agilidade com que os jovens usam os dois polegares para manusear
esse pequeno e mágico aparelho para pesquisar, digitar textos, mandar mensagens
ou praticar seus jogos virtuais preferidos. Está aí uma habilidade que nós, mais
velhos, dos tempos da datilografia, não conseguimos alcançar.
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