sábado, 4 de julho de 2015

SMARTPHONES







Smartphones

Recebi um e-mail com o título “Visitando a Vovó Maria”, que poderia ser qualquer outra avó. Na mensagem, nenhum texto. Apenas uma foto mostrando uma velhinha de óculos, cabelos encanecidos pelo tempo, olhar alheio, talvez entristecido pela indiferença ao seu redor, uma dúzia de netos, alguns ainda meninos e meninas, outros adolescentes já, todos de cabeça baixa a dedilhar seus mágicos smartphones, essas maravilhas da comunicação pelo silêncio, que isolam e fazem as pessoas falar consigo mesmo, criando um espaço de solidão em meio à multidão.
Quem diria que a TV, exímia vendedora de ilusões e fortes emoções, tela mágica que esvaziou as salas dos cinemas e relegou as rádios aos momentos ocasionais de uma viagem de automóvel, iria perder seus deslumbrados espectadores para essa nova caixinha cibernética da imagem e do som, que nos oferece maravilhas e nos conecta com o mundo, porque neste universo global não se vive mais sem conjugar os verbos digitar e conectar.
Essa mesma cena de surdos-mudos que preferem o silencio à conversa familiar, acontece também nas reuniões de filhos e pais, com a diferença de que a maioria destes também está conectada às redes sociais e se diverte ao lado da prole enviando mensagens pela nova onda do WhatZapp ou, então, pelo Face, essa corrente unindo uma tribo virtual de curtição de fotos narcisistas, de piadas, anedotas e fofocas porque, hoje, o perigo não é mais a língua da vizinha, mas a desgraça de cair na net. 
Nas cafeterias e restaurantes, oferecer wi-fi é preciso, para surfar na nova onda e ganhar a preferência da freguesia antenada. Nesses espaços gastronômicos, antes utilizados para bate-papos fraternais, agora, o silêncio só é quebrado pelas indispensáveis cobranças dos garçons e pelo tilintar de pratos, xícaras e taças.
Nos saguões dos aeroportos, já não se reclama tanto dos voos em atraso. Afinal, quem viaja de avião, com certeza, tem o seu celular-esperto para mandar e receber informações sobre negócios, consultar saldos de contas bancárias ou, então, passageiro-simples-turista, para navegar nos meandros da teia cibernética e infinita, que tudo oferece na pequena tela dos mágicos smartphones. 
Fico impressionado em ver a agilidade com que os jovens usam os dois polegares para manusear esse pequeno e mágico aparelho para pesquisar, digitar textos, mandar mensagens ou praticar seus jogos virtuais preferidos. Está aí uma habilidade que nós, mais velhos, dos tempos da datilografia, não conseguimos alcançar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário